VIVENDO A MISSA NO DIA-A-DIA: PARTE III
O Conselho Paroquial, Caminho para a Nova Evangelização


Paulo Otsuka Yoshinao, Bispo de Kyoto


1. Agradecimento ao Papa João Paulo II

Feliz Ano Novo para todos! Este ano, mais uma vez, voltamos ao tema da “Pastoral de Conjunto pela Missão”, afim de que todos os fiéis da diocese de Kyoto, incluindo, especialmente, todos aqueles que vêm de outros países, cheguemos a realizar meu lema que está indicado no escudo episcopal: “Que todos sejam um”.
Durante os dois anos anteriores, desde o ano 2004, tomando o tema “Vivendo a Missa no Dia-a-Dia”, a diocese de Kyoto tem reflexionado progressivamente na vida da fé, concentrando-se na Missa, que é o verdadeiro fundamento da Pastoral de Conjunto pela Missão. O ano passado celebramos “O Ano da Eucaristia”, pedido pelo Papa João Paulo II. O Ano da Eucaristia foi concluído pelo Papa Bento XVI, dentro do 11º Sínodo dos Bispos (uma Reunião de Bispos representantes de todo o mundo), celebrado no Vaticano, e cujo tema foi: “O Mistério da Eucaristia, Fonte e Cúlmem da Vida da Igreja”. Também, cada paróquia, blocos pastorais e conselhos decanais, levaram a efeito algumas atividades para ressaltar esse Ano da Eucaristia. Quisera, novamente, oferecer orações de ação de graças pelo Papa João Paulo II que deu-nos esse ano especial de graça. Além, quisera continuar com a importância deste tema: “Vivendo a Missa no Dia-a-Dia”, para fazer que esta pedra angular da Pastoral de Conjunto pela Missâo, na diocese de Kyoto, seja mais firme ainda.

2. Normas Práticas para o Conselho Pastoral Paroquial

Pois bem, temos chegado ao final do terceiro ano do processo de fazer algumas “Normas práticas para o Conselho Pastoral Paroquial”. O propósito de fazer estas “Normas Práticas” é criar em cada paróquia o chamado “Conselho Pastoral Paroquial”.
O “Conselho Pastoral Paroquial”, em conjunto com os sacerdotes assinados para o bloco, devem coordenar, discutir e tomar decisões em tudo aquilo que é necessário para o apropriado funcionamento da paróquia. (Cf. “Façamos algumas Normas Práticas para as Paróquias, que promovam a Pastoral de Conjunto pela Missão”, Nov. 2003)
Antes de mais nada, as diversas atividades levadas a cabo pela comunidade paroquial devem estar voltadas às atividades requeridas pelos grupos. Depois disso, tendo em consideração as atuais circunstâncias da paróquia, os diferentes grupos podem livremente se comprometer em algumas dessas atividades e é desejável que assim o façam. Se tudo ir segundo os planos, para dezembro deste ano o “Conselho Pastoral Paroquial” será estabelecido em cada paróquia da diocese. Com isto em mente, tenho criado uma “Comissão Coordenadora para as Normas Práticas” de ditos Conselhos Pastorais Paroquiais, com a finalidade de revisar e aprovar as proposições que os Conselhos Pastorais Paroquiais apresentem. Acredito que todas as paróquias tenham feito o melhor possível para criar um organismo concentrado nas atividades dos grupos. Também sei que, dependendo do tamanho da comunidade, em algumas paróquias tem sido difícil se ajustar aos lineamentos propostos pela diocese para a criação de dito organismo. Se este for o caso, peço-lhes que, por favor, recorram à soliedariedade das outras paróquias do mesmo bloco, para tratar de encontrar as soluções necessárias. Consultar à “Comissão Coordenadora para as Normas Práticas dos Conselhos Pastorais Paroquiais”, a fim de chegar à prática, conforme os lineamentos da diocese.

3. O Conselho Pastoral Paroquial, caminho à Nova Evangelização

Como ponto secundário para o tema deste ano, “Viver a Missa no Dia-a-dia”, Parte III, escolhi: “O Conselho Pastoral Paroquial Caminho à Nova Evangelização”. Nós, que temos estudado sobre a Sagrada Eucaristia e temos refletido sobre o fato de “ter sido chamados a uma profunda comunhão com Cristo” (Parte II), temos que seguir nesse caminho, buscando a vocação de ser enviados para a vida diária. Este é um envio à evangelização. E isto é um importante elemento para que o Conselho Pastoral Paroquial se torne uma comunidade evangelizadora.
A expressão “Nova Evangelização” ė do Papa João Paulo II. O Papa Paulo VI a propôs na Encíclica “Evangelii Nuntiandi”, 82. O Papa João Paulo II retomou-o chamando-nos para uma “Nova Evangelização”. O Papa caracteriza a novidade da Nova Evangelização em três partes: São necessários “um novo fervor, novos mėtodos e uma nova expressão”, para a anunciação da Boa Nova do Evangelho (Pastores Dabo Vobis, 18).
Primeiramente, o novo fervor ou paixão para a evangelização, deve ser para todos os evangelizadores uma intenção. Os novos mėtodos para a evangelização significa nos abrir e acercar mais aos trabalhos apostólicos e fazer um melhor uso dos recursos para colocá-los em execução. E a nova expressão da evangelização significa não causar danos à mensagem do Evangelho, senão adaptá-lo e colocá-lo em prática nesta sociedade atual. Quando dizemos “novos”, referimo-nos a inovar algo que já existia antes e, ao mesmo tempo, criar algo que ainda não existia antes. Eu quero que, por meio da promoção do Conselho Pastoral Paroquial nós possamos nos esforçar mais nesta nova evangelização. Por isso tenho escrito abaixo alguns pontos e sugestões para que possa servir de ajuda na reflexão e prática destes três aspectos da palavra “Nova” associada com a “Nova Evangelização”. (Cf. As referências da Encíclica do Papa Paulo VI “Evangelii Nuntiandi” estarão indicadas pelas letras EN, e um número).

4. A disposição do coração para a “Nova Evangelização”

A disposição das pessoas que vão em caminho da Nova Evangelização, em outras palavras, ė o novo reconhecimento como missionários que deveríamos ter todos os cristãos na atualidade. Com tudo isto, quero mencionar alguns pontos importantes para os que estamos comprometidos nos Conselhos Pastorais Paroquiais, percebidos até hoje.

1) A graça da fé não é para si mesmo só (EN 14)
As graças que recebemos de Deus, não são só para a nossa própria salvação; são tambėm as graças que nos dá nosso Pai quem planeja a salvação de todos, “com esta loucura que pregamos” como dizia o Apóstolo São Paulo (1 Cor 1,21), e que nos faz um instrumento para seu evangelho. Por isso, nós temos que nos livrar de uma fė que perca a visão universal da missão. (Cf. Minha Carta Pastoral pelo Ano Novo 2001).

2) Todos os que formamos o Povo de Deus somos trabalhadores para a Missão (EN 59)
A vocação missionária não está reservada só para os Bispos, Sacerdotes e religiosos; é uma responsabilidade compartida por todos os fiéis, desde as crianças até as pessoas de idade avançada, os enfermos e todas aquelas pessoas que não podem participar na Missa. Todos temos o dever de apoiar a evangelização.

3) Escuta e obediência ao Espírito Santo (EN 79)
O Espírito Santo trabalha no mais profundo do nosso coração, nos ajuda a aceitar a Palavra de Deus, e nos impulsa a propagar a evangelização. Nós escutamos e seguimos ao Espírito Santo que trabalha em nossos corações e ė importante discernir com ele como uma comunidade evangelizadora.

4) Animados pelo amor ao próximo (EN 79)
A força motriz da evangelização ė o amor ao próximo. Este amor exige compartir a verdade com os outros, não poupando nenhum esforço em promover uma unidade que respeite as pessoas e supere as diferenças de religião, cultura e costumes. Por isso, nós, de jeito nenhum devemos ferir ninguém.

5. Os Métodos para a “Nova Evangelização”

Os métodos para a Nova Evangelização se põem em prática encontrando novos meios eficazes para levar o Evangelho às pessoas da sociedade atual, ao mesmo tempo procurando influir nesta sociedade fazendo uso destes meios ao máximo (EN 40).

1) Testemunho de vida (EN 41)
O Evangelho não é simplesmente uma questão de mandamentos ou ideais, senão uma mensagem que muda totalmente as nossas vidas. Por isso, o elemento mais fundamental da evangelização é que nós mesmos devemos viver o Evangelho. Especialmente no Japão onde é muito pequeno o número das pessoas que receberam o Batismo. É importante que os cristãos vivam na alegria e na esperança da fé, e levem uma influência evangélica a todos os que se encontrem ao seu redor.

2) Compartindo a Palavra de Deus (EN 43)
Para que o Evangelho penetre nas nossas vidas, nos ajudará muito refletir as nossas experiências baixo o olhar da Palavra de Deus, e expressar com nossas próprias palavras nossas experiências de viver na fé. É por isso que, compartindo a mensagem da Sagrada Escritura com nossos irmãos na fé, poderemos enriquecer mutuamente o conteúdo dessa mesma fė.

3) Aprender da sociedade e das pessoas (EN 46)
O Evangelho não é só uma informação. O Evangelho é, sobretudo, algo que se transmite por meio das relações entre as pessoas e, nessa oportunidade, nós não devemos levar o Evangelho de forma parcial, senão que, ao mesmo tempo, é também necessário aprender a postura de trabalho do Espírito Santo desde os brotes do Evangelho dentro das pessoas e da sociedade.

4) Comunicação e colaboração (EN 60)
A Evangelização é trabalho de toda a comunidade cristã. A forma mais incompatível de agir para o Conselho Pastoral Paroquial é “decidir sozinho” ou “atuar sozinho”. O Conselho Pastoral Paroquial avança com a comunicação e cooperação de todos e cada um dos membros que constituem a comunidade. Em outras palavras, é coisa de que os fiéis (leigos), religiosos e sacerdotes, edifiquem um sistema e um espírito compartido na oração, falando e decidindo juntos, e depois trabalhando juntos para pôr as decisões em prática.

5) Fazendo uso dos meios de comunicação (EN 65)
Por meio da difusão na Internet, podemos ter acesso instantâneamente à uma grande onda de informação. A Igreja pode fazer um grande uso destes novos meios de comunicação na hora, com variedade e formas, incluindo publicidade e informação internética (especialmente por meio da página Web), desenvolvendo a fé e a formação na vida cristã.

6) Diálogo com as religiões não cristãs (EN 53)
O Evangelho é uma nova vida que penetra no coração de todas as pessoas, nos seus valores e pensamentos. Reconhecendo e respeitando os direitos da liberdade de religião, a Igreja mantêm toda classe de diálogo que supera as diferenças entre religiões e as seitas. Isso é também uma parte do trabalho da evangelização.

6. As experiências da Nova Evangelização

Em qualquer tempo, o fundamento da evangelização é a proclamação da nossa fé no mistério da Encarnação, Redenção e Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Evangelização significa para a Igreja, “levar a Boa Nova do Evangelho a todos os ambientes da humanidade, influindo nela e transformando desde dentro, para renovar a mesma humanidade (EN 18)” . E também, “alcançar e transformar, com a força do Evangelho, os critérios de juízo, os valores determinantes, os pontos de interesse, as linhas de pensamento, as fontes de inspiração e os modelos de vida da sociedade, que estão em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação (EN 19)”. Portanto, enquanto a esta expressão “Nova Evangelização”, ė questão de adaptar os ensinamentos e práticas cristãs que se apresentam na sociedade atual, sem perder de vista os princípios católicos fundamentais e as exigências do Evangelho. (EN 63)

1) Evangelização das culturas (EN 20)
A Igreja tem a obrigação de levar o Evangelho aos corações das pessoas que vivem em diferentes culturas. No caso do Japão, para que o Evangelho tome raízes mais firmes e possamos fazê-lo próprio, é provavelmente necessário fazer uso dos sentimentos religiosos tradicionais do Japão.

2) A relação do Evangelho em diferentes campos como a Paz, Direitos Humanos, Bem- Estar Público e Meio Ambiente (EN 29)
A situação atual da evangelização está mudando. É necessário abrir novos ramos de atividade na Nova Evangelização. Ter mais relações evangelizadoras que agora com nossos irmãos pobres, com todas as pessoas mais fracas da sociedade, cuidado dos jovens, a família, o ambiente de trabalho, justiça social, bem-estar público e com a cultura.

3) A mensagem da libertação evangélica (EN 9,33)
Enquanto a sociedade atual dá inumeráveis sinais de rejeitação a Deus, na realidade o busca e sente com dor sua necessidade. A Igreja tem a missão de mudar esta situação desumana por meio da energia do Evangelho.

4) A humildade: uma forma de vida (EN 76)
Cada um de nós, sendo “Evangelho”, refletimos sobre nossas vidas e dirigimos toda ela no caminho do amor. Isso significa demonstrar solidariedade com aqueles dos quais se fala na sagrada Bíblia: “os mais pequenos de meus irmãos”. Busquemos uma forma de vida simples. Uma forma de vida simples é uma forma de compartir a vida.

7. Um enfoque ao trabalho pastoral na Nova Evangelização

O tema mais urgente para a promoção e avance da nova evangelização é o acercamento ao trabalho pastoral por parte dos sacerdotes. Isto vem de um “Espírito que cria a comunhão”. Este acercamento requere que, como sacerdotes, eles:

1) Cultivem uma profunda comunhão com Cristo e a santidade de um evangelizador por meio da oração e a celebração da Santa Missa.

2) Vivam na alegria de saber-se servidores do Evangelho, e compartam essa alegria com todos os irmãos na fé.

3) Sejam sensíveis aos sinais da presença e trabalho do Espírito Santo nas pessoas, na sociedade e nas culturas.

4) Se ingeniem em fazer chegar a Palavra da Verdade aos homens para que esta se converta na sua força e energia para viver.

5) Se comportar com humildade para a construção da comunidade.

6) Demonstrem um amor preferencial pelos pobres e os que precisem ajuda, e atuem sempre com consideração perante os demais.

8. Comecemos os intercâmbios com nossa Irmã Diocese de Jeju

O dia 7 de julho do ano passado, a diocese de Kyoto e a diocese de Jeju, na Corėia do Sul, estabeleceram uma aliança como dioceses irmãs. Desde este ano, o mês de junho tem sido designado como “O mês das dioceses irmãs de Kyoto e Jeju”, no qual, nós rogaremos pelos mútuos intercâmbios entre as duas dioceses. Eu peço que planejem visitas e intercâmbios de qualquer nível dentro da estrutura diocesana. Por favor, utilizar a informação de intercâmbio publicada na página Web da diocese.

9. O Conselho da Justiça e Paz: Conferência em Kyoto

Este ano, a diocese de Kyoto será o anfitrião para receber a Conferência Nacional do “Conselho Justiça e Paz” da Igreja no Japão, a realizar-se entre os dias 7 e 9 de outubro de 2006. Já que caminhamos rumo à Nova Evangelização, quisera impulsar esta Conferência, como uma ocasião para o estudio necessário e a formação de novos membros para fazer frente ao desafio da sociedade ao qual se evangeliza. Queridos fiėis da diocese de Kyoto, junto aos outros irmãos que participarão deste evento, ajudemos a fazer desta Conferência um êxito.

10. Maria, Estrela da Evangelização

Este ano, mais uma vez, quero dedicar a nossa viagem como diocese de Kyoto à Nova Evangelizacao, a Deus Pai por meio da intercessão da Virgem Maria. Possa ela ser sempre a renovadora “Estrela da Evangelização” (EN 82) Finalmente, vamos continuar rezando este ano durante a “Missa Pela Paz do Mundo”. Não podemos esquecer as palavras do Papa João Paulo II: “Se a paz é possível, há também uma obrigação de construir essa paz”. E também, para que possamos Viver a Missa no Dia-a-Dia, rezemos com as últimas palavras do Santo Padre João Paulo II: “Senhor, te pedimos que permaneças conosco, por favor permanece conosco”. Amém!

1 de janeiro de 2006
Solenidade de Maria, Mãe de Deus